terça-feira, 29 de dezembro de 2015


Leia o prólogo aqui.

PARTE I

Sabe aqueles tipos de pessoas ficam presas em certas fases da vida? Algumas naquela de só ir em festas e outras, no caso extremo, da infância? Então, eu infelizmente não consigo sair daquela fase da adolescente tímida assustada que não consegue conversar com um menino normalmente.
É claro que eu teria que passar por uma daquelas horas de "make it or break it" pra superar isso.
Eu estava com minhas colegas de trabalho no Red Light e eu estava sentada no balcão esperando que elas chegassem e:
- Eu também gosto de tequila, mas essa noite de sexta combina muito bom com um martini, não é?
Eu sorri e não consegui falar nada.
- Deixa eu te comprar um e você me diz o que você acha? - E fez um sinal pro bartender que acenou com a cabeça e começou a mexer nas garrafas.
Sorri, agradecida, pedindo aos deuses que ele tivesse paciência pra me dar o tempo pra pensar em algo pra falar.
- Então, você vem sempre por aqui? - Ele perguntou sorrindo abertamente quase que piscando com um olho, meio que se desculpando pela pergunta clichê.
Eu agradeci aos deuses. Encolhi os ombros juntando todas as minhas forças e respondi.
- Hmm, na verdade é apenas a minha segunda vez aqui, acabei de me mudar pra cá e ainda estou conhecendo tudo..
Virei meu shot.
Poxa vida, agora, se ele fosse um assassino eu seria a isca perfeita: voz baixa + não conhece a cidade + força de uma galinha. E ele estava me pagando uma bebida. Desculpa, mãe.
Tentei afastar esse pensamento se não ficaria com cara de assutada e provavelmente afastaria o rapaz.
- Hmm, nova na cidade...Eu já estou aqui faz....- Ele olhou para o teto, concentrado - 5 anos, uau, o tempo realmente voa quando você está aqui - ele riu
Sorri.
- O que fez você vir pra cá? - Perguntei.
Meu martini chegou e eu fiquei mexendo o palitinho com a azeitona.
- Bom, a versão curta dessa resposta é que eu quero trabalhar na Wall Street e pra isso precisava vir pra cá e conseguir uns estágios. E você? - Ele virou seu copo de schotch
Levantei as sobrancelhas.
- Eu só queria sair da minha cidade, começar do zero - Tomei um gole do martini. Cara, que coisa horrivel; eu estava certa de não confiar nessa bebida com azeitonas dentro!
- Hm, começar do zero. Devo ter medo? - Eu ri -  Você fez algo muito ruim e fugiu?
- haha antes de responder isso eu quero experimentar outra bebida
- Gostou do martini?
- Achei interessante
- Hm, não gostou! Poxa vida, comecei mal - ele riu
- Não, você está....
- HA, achamos você, achei que tinha te perdido já! Fiquei triste, porque realmente acho você muito divertida. - Carla se jogou nas minhas costas, me abraçando. Ela já estava alta! Derrubei metade da bebida no balcão.
O menino pediu outra bebida para o garçom.
- Não, não, eu acho que vou ter que ir embora, ela não está muito bem...- Falei, observando o estado da Carla.
- É....nós estávamos te procurando para irmos embora - Leslie se desculpava com o olhar, olhando para o rapaz.
- Opa, você não apresenta mais os amigos? - Carla já esticou a mão para ele e olhou pra mim, esperando um nome.
Abri a boca, mas sem ter o que falar.
Ele riu.
- Matt! Prazer!
Matt apertou a mão da Carla e cumprimentou Leslie com a cabeça, que ela estava apoiando Carla com um braço e segurando a clutch com a outra.
- Bom, boa noite, Matt - Ela chegou mais perto dele - Eu não queria ir embora, a noite mal começou, mas essas duas velhotas aqui não vão me deixar ficar, e a minha amiga aqui - ela segurou no meu ombro - é muito boni,,,,
- OKAY, hora de ir embora! Leslie, chame um taxi, por favor? Pode deixar que eu ajudo ela. - No way que eu ia carregar a Carla até Bushwick de metrô.
Leslie foi tentar achar um taxi. Peguei minha carteira.
- Ah, pode deixar
Fiz uma cara de sem graça e ia começar a argumentar, mas ele nem me deu a chance.
- Só quero uma coisa em troca
- Hmmmmm - Carla reagiu a situação como se estivesse vendo um programa de TV.
- O quê?
- Seu nome.
- Ah - sorri - é....
- Lola! O Taxi está aqui! - Leslie nos gritou da porta.
Vergonha.
- Tenho que ir, até mais..
- Até. - Ele acenou quando chegamos na porta e eu acenei de volta enquanto colocava Carla no banco de trás.

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