sexta-feira, 7 de março de 2014

Ser sentimental sozinha








































O passarinho cantava insistentemente pro sol aparecer naquele dia nublado. Sentada naquela cafeteria perto de casa do papel de parede bonito e um cappuccino do paraíso, notava como tudo estava sem compasso. Era meio estranho estar sentada ali sozinha, adorava estar rodeada dos amigos, mas aquela sensação nova de existir sozinha parecia interessante. 
A vida deu umas voltas em linhas tortas, admite, nem tudo saiu como planejou, mas a felicidade está presente todos os dias assim que acorda e abre as janelas pra dar boas vindas ao sol. 
Algumas pessoas a cobravam por ser tão quieta, mas ela concordava com Pessoa: existe no silêncio tão profunda sabedoria que às vezes ele se transforma na mais perfeita resposta...
Tem sido uma bela luta pra controlar seus sentimentos; cada tropeço uma lágrima. Cada dia uma nova dor, mas no fim do dia tudo se acalma, ela encosta a cabeça no travesseiro e pensa na nova oportunidade do amanhã. É bom assim, viver um dia de cada vez.
Reparou como é bonito a cidade quando o dia nubla..E assim, no meio de um pensamento qualquer ela viu alguém. Ele tinha um jeito de andar que chamava atenção, o cabelo acompanhava toda a poesia que era seus movimentos, fazendo tudo assumir um ritmo que ela nunca tinha visto antes. Olhou em volta e viu que tudo seguia seu rumo, parecia que só ela tinha se prendido naquela poesia, só ela entendia. De repente ela queria dançar, puxar ele pro salão e rodopiar. Vamos dançar, ela diria. Vamos criar um lugar escondido, faríamos o nosso show. 
Começou a chover e pela primeira vez em muito tempo, ela se deixou molhar. Era boa aquela sensação, ela havia esquecido como era permitir molhar e não se importar. Ela jurava que conseguiu ver o sol naquele instante. Naquele momento, bem ali.
Nesse meio tempo ele passou e ela não viu. Levou toda a música com ele sem nem olhar pra traz. Talvez um tanto confiante de seus versos brilhantes passou; a encantou de canto a canto e foi.
Ainda fazia um tempo bom pra desperdiçar sentimentos. Ainda fazia um dia bonito, mesmo sem cor. Ainda dava pra enfeitar a vida com sentimentos, ela viu. Era um dia bom.


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